Parag Khanna: países concorrem como “fornecedores favoritos” em suas áreas
Parag Khanna is Directeur van the Global Governance Initiative and Senior Research Fellow in the American Strategy Program at the New America Foundation.
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“Complexidade” é a palavra que definiria a organização dos elementos econômico, demográfico e geopolítico do mundo para o assessor de estratégia global da New America Foundation, Parag Khanna. Ex-assessor do presidente americano Barack Obama, ele avalia que, frente a um aumento de relevância dos países na distribuição global de agentes geopolíticos, “eles estão concorrendo para se tornarem os fornecedores favoritos” do mundo em suas áreas.
“Alguns países vão lançar satélites, outros fornecem infraestrutura, como a China tem feito. O Brasil vai fornecer todos os alimentos que precisarem”, disse o pesquisador em uma palestra do GAFFFF (Global Agrobusiness Festival), evento de agronegócio patrocinado pela XP, que ocorre no Allianz Parque, em São Paulo, entre os dias 27 e 28. Não há mais um alinhamento automático a potencias econômicas para que se participe do “mercado da geopolítica”.
Embora veja no Brasil um país que vem conquistando confiança dos atores globais, o pesquisador ainda acredita que oportunidades foram perdidas quanto a investimentos, diversificação, infraestrutura e políticas sociais. “O meu principal conselho é o mesmo há um longo tempo: quando os preços das commodities e do petróleo estão altos, devem pegar o dinheiro e investir […] Poupar o suficiente para poder investir”, aponta. “Vocês ainda não fizeram isso o suficiente”.
O autor de The Future is Asian (O Futuro é Asiático, em tradução livre), acredita que leituras como as de uma “nova Guerra Fria” tem grande potencial para estarem erradas. Por outro lado, avalia um protagonismo asiático nas novas dinâmicas globais como países capazes de superar recorrentes crises, como da covid-19 ou a crise financeira de 2018, aproveitando suas complementariedades.
“Os países asiáticos foram muito inteligentes. A solução, para eles, foi diminuir a dependência do capital ocidental e as exportações para a região, dando espaço para uma integração regional”, diz. Entre 60% e 65% do comércio da região ocorre internamente, bem como 50% a 55% da economia global está concentrada ali.
Aquecimento global
Segundo Khanna, o investimento necessário para mitigar e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas seria de US$ 10 trilhões anuais. “Não há um cenário em que cumpriremos com o Acordo de Paris”, diz, em referência ao acordo que prevê um aumento máximo de 1,5ºC na temperatura global média. “Teremos de nos adaptar a um mundo com crescimento da temperatura média de 2ºC, 2,5ºC ou até mais”.
Embora haja altos investimentos em tecnologias de descarbonização e eletrificação, as emissões acumuladas na atmosfera continuam a elevar a temperatura global. “O financiamento para adaptações é muito baixo, praticamente zero, e é para lá que o dinheiro deveria estar indo”, aponta.
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